Enquanto na Zona Euro se tem falado de crise, e as atitudes predominante são de apreensão, receio e muito calculismo, em boa parte do mundo o clima continua a ser de confiança e crescimento. O nosso bem conhecido FMI prevê para um crescimento global da economia em 2,9% em 2013, tendência que se acentuará em 2014, com 3,6%. Naturalmente, esta realidade não é homogénea. Em muitas geografias das economias ditas emergentes (na Ásia, na América Latina e em partes do continente africano), os ritmos são bem maiores, alavancados pelos ainda necessários investimentos em infra-estruturas e pelo massivo crescimento do poder de compras das classes médias. É aqui que se têm centrado muitas das oportunidades.
O que tem feito Portugal neste contexto? Fruto da sua situação particular dos últimos 4 anos, Portugal teve o imperativo de olhar e ir para fora e fê-lo de duas formas – através (infelizmente) da emigração de parte do nosso talento profissional e através (felizmente) do incremento em peso relativo e em volume das exportações de bens e serviços. Portugal, através de muitas das suas empresas, assumiu uma postura mais competitiva nos sectores de bens transaccionáveis, exportou, criou e consolidou parcerias lá fora, começou a estar presente nos mais importantes canais de distribuição, e começa a aproveitar aquele que é o grande driver da economia global, o crescimento da qualidade de vida que centenas de milhões de pessoas nas novas classes médias, vão experienciar nos próximos 20 anos.
Pela minha experiência, olhando para casos de sucesso e de insucesso, estou certo que o factor crítico para quem tenta internacionalizar-se é uma preparação e um planeamento cuidado e a aposta num conjunto de competências que marcarão a diferença na sustentabilidade dos projectos.
Primeiro é necessário, como em qualquer agenda empresarial, Visão (saber onde queremos chegar), Estratégia (o caminho a trilhar) e Liderança (mobilizar pessoas e fazer as coisas acontecer). Depois, há que desenvolver uma análise estratégica (stakeholders, processos, legislação, oportunidades, idiossincrasias e variáveis culturais nacionais e regionais) acerca do meio em que nos pretendemos inserir. Tudo isto implica a adaptação a culturas e mercados diferentes e, naturalmente, perfis profissionais adequados a desempenhar com sucesso os desafios propostos. Tendo em conta a elevada importância e custos destas apostas, em que o nível de risco é elevado e em que as relações de confiança e canais de comunicação demoram a consolidar, a estória não se resume a “chegar, ver e vencer”, como alguns ainda pensam. Existe uma necessidade de tempo – tempo de semear, tempo de amadurecer. E, talvez o mais importante, desenvolver 3 competências-chave para o capital humano que se quer internacionalizar, expatriar ou adquirir uma essência verdadeiramente global:
Aqui, e digo-o com convicção, o ADN português aplicado em contextos profissionais é óptimo. Temos uma capacidade de adaptação fantástica, somos muito orientados à inovação e à adoção de tecnologias, somos muito orientados à aprendizagem linguística. Somos imbatíveis no improviso, em trabalhar de forma flexível e polivalente, na gestão de crises.
E estaremos também muito bem preparados para a próxima grande tendência: a criação de empresas verdadeiramente globais – baseadas na mobilidade do capital humano e na adopção de um modelo de organização e processos adaptável, verdadeiramente transnacional. Muitas empresas e profissionais portugueses já estão a percorrer, com sucesso, este roteiro de globalização.
Carlos Sezões
Partner da Stanton Chase Portugal
O que tem feito Portugal neste contexto? Fruto da sua situação particular dos últimos 4 anos, Portugal teve o imperativo de olhar e ir para fora e fê-lo de duas formas – através (infelizmente) da emigração de parte do nosso talento profissional e através (felizmente) do incremento em peso relativo e em volume das exportações de bens e serviços. Portugal, através de muitas das suas empresas, assumiu uma postura mais competitiva nos sectores de bens transaccionáveis, exportou, criou e consolidou parcerias lá fora, começou a estar presente nos mais importantes canais de distribuição, e começa a aproveitar aquele que é o grande driver da economia global, o crescimento da qualidade de vida que centenas de milhões de pessoas nas novas classes médias, vão experienciar nos próximos 20 anos.
Pela minha experiência, olhando para casos de sucesso e de insucesso, estou certo que o factor crítico para quem tenta internacionalizar-se é uma preparação e um planeamento cuidado e a aposta num conjunto de competências que marcarão a diferença na sustentabilidade dos projectos.
Primeiro é necessário, como em qualquer agenda empresarial, Visão (saber onde queremos chegar), Estratégia (o caminho a trilhar) e Liderança (mobilizar pessoas e fazer as coisas acontecer). Depois, há que desenvolver uma análise estratégica (stakeholders, processos, legislação, oportunidades, idiossincrasias e variáveis culturais nacionais e regionais) acerca do meio em que nos pretendemos inserir. Tudo isto implica a adaptação a culturas e mercados diferentes e, naturalmente, perfis profissionais adequados a desempenhar com sucesso os desafios propostos. Tendo em conta a elevada importância e custos destas apostas, em que o nível de risco é elevado e em que as relações de confiança e canais de comunicação demoram a consolidar, a estória não se resume a “chegar, ver e vencer”, como alguns ainda pensam. Existe uma necessidade de tempo – tempo de semear, tempo de amadurecer. E, talvez o mais importante, desenvolver 3 competências-chave para o capital humano que se quer internacionalizar, expatriar ou adquirir uma essência verdadeiramente global:
- Orientação à mudança e inovação – capacidade de, com proactividade, equacionar novos modelos de negócio, novos processos de trabalho, novos canais de distribuição; ser empreendedor, percepcionando oportunidades e estabelecendo um grau de aceitação do risco, baseado numa boa análise da realidade.
- Resiliência – a capacidade de resistirmos à pressão e ao choque, ao enorme desconforto físico e espiritual e retomar rapidamente as posturas/ atitudes originais e mais adequadas; com base em estudos exaustivos, elaborados em vários países, este “ciclo de adaptação” tem 4 fases, a saber, Euforia, Choque, Aculturação, Envolvimento; há que preparar as pessoas em vias de expatriação ou missões internacionais mais prolongadas para este percurso, o qual nunca é fácil.
- Gestão Intercultural – capacidade de conhecer, interpretar e agir sobre diferentes realidades culturais e nacionais; de forma simples, compreender atitudes e comportamentos e produzidos por diferentes contextos sociais, históricos, geográficos ou linguísticos; perceber as influências culturais em variáveis comportamentais/ organizacionais, como autonomia vs. centralização ou formalização vs. informalidade; como algumas culturas valorizam o indivíduo, outros o colectivo; como a hierarquia e os modelos de liderança se alicerçam, como se enquadra o tempo e como temos culturas mais imediatistas e outras mais orientadas para o médio/longo prazos.
Aqui, e digo-o com convicção, o ADN português aplicado em contextos profissionais é óptimo. Temos uma capacidade de adaptação fantástica, somos muito orientados à inovação e à adoção de tecnologias, somos muito orientados à aprendizagem linguística. Somos imbatíveis no improviso, em trabalhar de forma flexível e polivalente, na gestão de crises.
E estaremos também muito bem preparados para a próxima grande tendência: a criação de empresas verdadeiramente globais – baseadas na mobilidade do capital humano e na adopção de um modelo de organização e processos adaptável, verdadeiramente transnacional. Muitas empresas e profissionais portugueses já estão a percorrer, com sucesso, este roteiro de globalização.
Carlos Sezões
Partner da Stanton Chase Portugal